O associativismo ainda existe na Lourinhã

São cada vez menos os jovens que se interessam pelo associativismo. Diversas instituições acreditam mesmo que, dentro de aproximadamente 10 anos, a maior parte das cooperativas e associações não vão ter pessoas com vontade de assumir os destinos corporativos. Embora nasçam todos os anos diversos núcleos (como JuveBombeiro, ARJAC e outras), o problema persiste e sem soluções à vista.Talvez por isso seja de louvar o crescente número de jovens que, esporadicamente, aparecem nas grandes associações locais e dão o possível e o impossível por elas. O caso mais recente no concelho da Lourinhã é o de Rúben Almeida e Filipe Matias, que se empenharam durante quase um ano de trabalho para proporcionar á Associação dos Bombeiros Voluntários da Lourinhã um encontro nacional de clássicos que permitisse a angariação de fundos para o pagamento de uma nova ambulância.

Filipe Matias já leva quase 4 anos na direcção de uma associação e não se cansa de tecer elogios. «As pessoas sentem-se bem quando fazem algo pela sua terra e, neste caso, por uma associação tão importante como a dos bombeiros. Dá-nos uma sensação muito agradável de dever cumprido», afirma Filipe, 2º secretário da direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários da Lourinhã.«É difícil muitas vezes os jovens se integrarem mais no associativismo porque é uma actividade que requer tempo e algum trabalho, muitas vezes gratuito, que são duas qualidades que a maioria não deseja. Pela minha parte, aconselho todos a participar neste tipo de actividades, evita que sejamos um “parasita da sociedade”, ao mesmo tempo que permite ver como realmente o mundo funciona», conclui.Rúben Almeida é outro dos jovens que dedicou algum tempo ao associativismo, nomeadamente em associações juvenis. «Não é qualquer pessoa que fica numa direcção. É preciso saber-se o que se está a fazer. Mas no geral, penso que os jovens terão ainda uma palavra a dizer no comando das associações, espero que a escassez e o desinteresse que se vive presentemente seja só temporário e um sinal dos tempos», afirma.«O que é preciso é muita força de vontade para andar com as coisas. Temos de pensar que entramos em determinado projecto para o levar a bom porto e foi isso que fizemos em Maio».Em Maio de 2006, a Lourinhã recebeu um dos maiores eventos do ano, organizado por dois jovens: Filipe Matias e Rúben Almeida. O I Encontro Nacional de Automóveis Antigos e Clássicos foi considerado um dos maiores encontros do país e reuniu perto de centena e meia de carros que vieram de todo o país, em representação dos maiores e mais importantes clubes automóveis da especialidade. Uma prova que os jovens ainda conseguem ser interventivos e mostrarem-se á população. A primeira ideia surgiu de Filipe Matias, um apreciador de carros antigos e clássicos.«Na altura o presidente da associação afirmava que se devia organizar mais eventos para tentar obter algumas receitas que pudessem colmatar as elevadas despesas da associação. Já se tinha organizado vários, mas lembrei-me dos clássicos. Por isso, comecei a trabalhar num I Encontro Nacional», conta Filipe Matias.Pouco depois, entrou para o projecto Rúben Almeida, que mesmo não tendo nada a ver com os bombeiros decidiu colaborar.«Em primeiro porque foi por uma boa causa, e depois porque eu próprio sou apreciador de carros antigos e tenho um blog onde falo sobre alguns dos carros míticos da história («o Clássico»). Senti-me muito bem a ajudar os bombeiros e penso que tudo correu muito bem», conta Rúben Almeida.O encontro foi considerado um sucesso e inúmeros órgãos de comunicação social gabaram a prestação da Associação e dos dois jovens na prossecução do projecto.«Quando se quer que as coisas aconteçam, elas acontecem. Só é preciso força de vontade», afirma Rúben.Mas nem tudo foram rosas. Dentro da própria corporação, algumas pessoas não viram com bons olhos o facto dos dois rapazes lourinhanenses estarem à frente dos destinos do encontro e tentaram ser “areia na engrenagem”. Filipe Matias é sucinto:«É normal que existam fricções relativamente aos mais novos. As pessoas que geralmente se isolam para criticar e se recusam a aparecer no dia para ajudarem a associação também não merecem grandes comentários. Mas sabemos quem foi», adianta.Mesmo com tudo isso, os participantes divertiram-se, as receitas obtidas são a prova de que tudo correu bem, e para 2007 os dois jovens prometem mais e melhor:«Vamos fazer um II Encontro Nacional, que será ainda maior e melhor, com mais atracções, mais clubes, mais variedade de carros e, acima de tudo, o mesmo empenho para que as coisas corram bem como correram em 2006. Gostávamos igualmente de contactar vários núcleos de jovens para averiguar quais as possibilidades de haver uma cooperação», afirmam ambos.Já está criado o site oficial do II Encontro Nacional, que pode ser consultado em www.encontronalourinha.blogspot.com.Esta é a história de dois jovens modelo, empenhados em fazer o melhor pela sua terra e instituições que a servem, um verdadeiro exemplo de altruísmo e devoção a uma causa, que por agora é somente ajudar os bombeiros a recolher fundos para pagar a nova ambulância.